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É sempre bom compartilhar, através de fotos e palavras, aquilo que encanta e entristece nossos olhos, como as belas paisagens, a grandiosa diversidade arquitetônica, a riqueza do mosaico cultural, e as intolerâncias e desejos que também marcam a paisagem social, que poucos estão dispostos a analisar e compreender. Viajar é se defrontar com o inesperado, com o outro, com a complexidade desse mosaico chamado humanidade. E as crônicas aqui apresentadas são fruto dos inúmeros encantamentos e desencantamentos, encontros e desencontros que vivenciei nas viagens e revelam a ganância, o egoísmo, o sexismo, o patriarcalismo, e os belos sentimentos e desejos do ente homem. É a complexidade humana que está retratada nessas Crônicas de um viajante que, distante, privado das suas redes sociais, atribui a cada objeto desconhecido um brilho que lhe desconcerta e encanta.
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Outro dia me perguntaram: por que você quase não está presente nas fotos das suas viagens?
E depois de pensar numa fórmula educada para responder, eu disse: “meu caro, eu visito os lugares e não a mim mesmo, pois tenho pouco interesse pelo meu ser, que me parece pouco interessante, e de pouco valor”. E continuei: “meu senhor, eu procuro registrar o diferente, viajo para conhecer tudo aquilo que ignoro, e não o que já conheço, pois me parece repetitivo. Estou cansado de reencontrar-me em todas as manhãs, e as chuvosas são as piores, não sei se o senhor concorda, se me compreende. Mas, se não entende – dane-se!”.
Essa foi a resposta que dei, pois penso que viajar é largar tudo para trás, até nós mesmos. É o meu desenraizamento momentâneo, porque fico feliz em não me ver, em saber que abandonei a mim, e que não transporto o próprio peso.
Por isso, toda vez que viajo, penso nas palavras do filósofo Walter Benjamin, presentes na sua obra “cadernos de estética”: “…as pessoas se alienam de si mesmas por meio das formas de sua vida conjunta”. Então, para mim, viajar é desalinhar-se, romper barreiras, penetrar em mundos desconhecidos, abandonando a coletividade que me cerca e… sufoca. E, deixar a vida conjunta e encontrar o outro, o desconhecido, sempre fez parte dos meus planos de viagem.
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TOTAL DE PÁGINAS: 108
FORMATO: 15×21 cm
ISBN: 9786553610576
R$ 39,70 R$ 27,79
Antonio Carlos Lopes Petean, natural de Ribeirão Preto/SP. Reside em Uberlândia/MG, onde exerce o cargo de professor na Universidade Federal de Uberlândia, lotado no Instituto de Ciências Sociais. É licenciado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto, mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo e doutor em Sociologia pela UNESP/campus de Araraquara. Participou da antologia de poesias “Minha Alma Nua” (2020). É autor dos livros: “Ensaios sobre a barbárie no pensamento de Edgar Morin” (2015); “Fanatismo, dúvida e suicídio em Cioran” (2015); e dos livros de poesia: Erosão (2019) e Palavras e receitas (2015).