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SOBRE ESTE LIVRO:
Durante a infância um menino é deixado com os avós no distante povoado do Pinga-Fogo, interior de Sergipe. Nesta mesma aldeia, anos antes, uma tragédia envolvendo sua família havia se desenrolado, com enredos de mortes, fugas, violências e exílios. Destas fatalidades ele nunca saberá, sendo segredadas somente ao leitor.
Costurando temas cotidianos, a nostalgia da infância e lugares de sombra da alma humana, Descaminho articula diferentes registros para criar um caleidoscópio polifônico no qual a história do Brasil é relida à luz de suas contradições, indo das metrópoles aos sertões, miscigenando oralidade e escrita, contrabalanceando o conhecimento acadêmico e o popular. Da prosa para o verso, do conto para o romance, dos sertões para fora – grandes metrópoles habitadas por perfeitos exilados, o leitor se desencontra para depois se achar na narrativa, fazendo jus ao título do próprio livro.
“Uma trama sincera, equilibrada e bem escrita. Cruzamentos de estórias que nos conduzem para um conhecimento mais aprofundado de uma realidade social próxima, mesmo sendo estrangeiros. Porque é um livro de estrangeiros… Formidável!”
– Pepetela (Prêmio Camões de 1997).
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A escrita de Descaminho de Felipe Paiva dedica cuidados especiais aquele que adentra suas linhas, valendo-se de uma voz narrativa multifacetada, para se dirigir a eventos que ganham significados à luz da rememoração, geralmente dilacerante das personagens, e apoiando-se em diferentes temporalidades, desnuda-se uma narrativa madura. Algo de um grande escritor. Somos assim apresentados à uma família despedaçada. Mote que dá arrimo ao livro que ao expor os membros familiares exibe uma sociedade igualmente dilacerada, seja pela violência patriarcal, seja pelo legado que essa violência inscreve na memória daqueles que a vivem. Há uma linha trágica que se desenvolve de maneira contingente num enredo enlaçado por uma polifonia de vozes: Juca/Antônio, Marieta/Marguerite, João/um pai assassino da própria mãe – uma mulher indígena pega no laço e barbarizada pela vida brasileira, todos ligados por uma veia ancestral a Lampião, Corisco, Maria Bonita e um bando de supostos “semi-humanos”. A tragédia aqui se dá sempre no encontro pelo descaminho, está inscrita na história familiar, no umbigo enterrado na maldita Pinga-fogo que arrasta também o leitor para esse “mangue que nos engole e o sertão que vaporiza nossas esperanças.” E, por isso, há beleza!
Douglas Rodrigues Barros
Escritor, ensaísta e doutor em filosofia
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ISBN: 9786589624714
FORMATO: 15X21 CM
TOTAL DE PÁGINAS: 256
R$ 84,70 R$ 59,29
Sobre o autor:
Felipe Paiva nasceu em Aracaju, Sergipe. É professor de História da África junto ao Instituto de História da Universidade Federal Fluminense (UFF). Vive entre sua terra natal e o Rio de Janeiro. Autor dos livros Indômita Babel: Resistência, colonialismo e a escrita da história da África (2017) e de Resistência e Revolução na África: A luta anticolonial em perspectiva (2019), além de artigos esparsos publicados em revistas e coletâneas especializadas. Em 2021 recebeu o Prêmio PPGH-UFF de Teses e a menção honrosa no 7º Prêmio de Teses da Associação Nacional de História (ANPUH) por seu trabalho de doutoramento intitulado “A Biblioteca do Selvagem: Leitura e Revolução na África” (2019).
Nas horas vagas tenta também ser compositor, estando parte de sua produção musical disponível a partir do endereço linktr.ee/felipe.marrano.
“Descaminho” é sua primeira tentativa no terreno da ficção.