***
Não Há Vagas para Lunáticos é um convite para o leitor mergulhar no nonsense e submergir com um sorriso no rosto. Às vezes, o sorriso é nervoso, amarelo como um peido indesejado que chega de mansinho, rouba o protagonismo em um dos contos, cativa a todos com sua sagacidade, mas incapaz de fugir da própria natureza, nos conduz a um final surpreendentemente constrangedor. A fonte de inspiração para este e os demais contos deste livro vem do flerte entre a realidade e os absurdos que o autor extrai das conversas de corredores e botequins, noticiários, memes e afins para criar personagens anônimos que discorrem sobre relacionamentos, medos, delírios e declínios. Tudo sob forte influência de um mundo corporativo cada vez mais onipresente.
O estilo narrativo valoriza a clareza e o ritmo para criar situações que desbravam questões filosóficas, levando a finais inesperados, capazes de instigar reflexões críticas sobre um mundo contemporâneo cada vez mais digitalizado. Não deixe de se atentar também, entre um conto e outro, ao embate metaliterário de um escritor a procura de seu lugar na fronteira entre realidade e ficção.
***
E se….
toda a existência humana não passe de uma fantástica obra de ficção? Onde seu criador escreve sob as demandas e pressões do mercado? Imagina o desespero de um autor pressionado a escrever a temporada 2,5 milhões de uma obra que nem ele acredita mais. Obrigado a jogar pra frente o capítulo do meteoro, só porque o negócio ainda está gerando dividendos aos investidores. Irritado, mas incapacitado de rasgar o contrato que assinou lá no princípio, quando ainda só havia o verbo, o autor decide rejeitar o senso comum e botar no papel o que lhe vem à cabeça, sem filtro algum, e faz dos nossos dias um desafio às normas da razão e da lógica. Absurdo? Sim. Como a nossa existência, diria Camus.
Essa pitada de nonsense, mais no senso popular do que no gênero literário, permeia a obra que tens em mãos. A proposta é desconstruir o real diante das possibilidades que a ficção oferece, porém, como fazer isso diante de uma realidade que flerta a todo momento com o absurdo, criando situações difíceis de acreditar se estivessem em uma obra de ficção? Os contos aqui reunidos ignoram esse fato e abraçam a causa, (por que tentar explicar, se existe a ironia?) lançando personagens anônimos para fluir nessa tensão entre a presença e a ausência da lógica em histórias que expressam a falta de sentido em que o mundo se encontra e levam o leitor a uma reflexão sobre a vida em uma era tão nonsense como a nossa.
***
Não há vagas para lunáticos – Fabiano Soares
92 páginas
16X23 cm
ISBN 978-65-5361-140-5
R$ 39,70 R$ 27,79
Natural de Salto de Pirapora – SP, pegou gosto pelas histórias ainda na infância. Um dia, a diversão virou profissão e de letrinha em letrinha foi fazendo a vida. Mudou-se para São Paulo, formou-se em Comunicação Social na ESPM, trilhou a carreira de redator publicitário, pagou boletos, ganhou prêmios… virou escritor. Devoto da ficção, acende velas para projetos literários e audiovisuais, escrevendo contos, idealizando romances e desenvolvendo roteiros de longas, séries e animações.