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SOBRE ESTE LIVRO
Os fragmentos do poema O que Jamais se Põe Entre as Pedras podem ser lidos como um ensaio sobre o tempo, uma espécie de constelação do agora: um museu em ruínas, em chamas.
Trata-se, sobretudo, de um poema-montagem, uma obra escrita com amarras e construções de aparência incompleta; hipóteses de leitura, esboços e imagens sobrepostas.
A própria noção de fragmento, na qual se insere o poema, nos causa estranhamento se pensarmos na máxima da precisão técnica e o fino acabamento da produção, que regem nosso tempo.
O autor nos traz no poema uma escrita incompleta ou interrompida, em uma alegoria vertiginosa sobre o tempo. Não à toa, a imagem do fio, das fiandeiras, em alusão às Parcas, percorre os 21 fragmentos do poema: “tecer até os ossos, até a ponta da língua — / na penúria da palavra, tecendo…// fiandeira inflexível, / incapaz da pausa!”. O que jamais se põe entre as pedras não entrega uma leitura lógica e ordenada, nos traz um mosaico singular do contemporâneo.
Em sua construção textual, o autor recombina imagens e passagens diversas, a partir de novas perspectivas. Desse modo, é possível notar ecos textuais atribuídos ao poeta de Ceos, inseridos no contexto trágico das florestas brasileiras. Ou ainda a ressignificação de fragmentos do filosofo de Agrigento como uma elaboração de um acontecimento banal do cotidiano.
Acima de tudo, trata-se de um poema que fala para o nosso tempo, que expressa por meio da linguagem poética o estar-no-mundo. E nesse sentido, vale sempre lembrar uma das teses do espólio de Walter Benjamin, que afirma: que “não há um documento da cultura que não seja, ao mesmo tempo, um documento da barbárie”.
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o tempo ata tuas mãos,
apressa tua fala, o tempo
desgasta no coração o tempo,
tempo revolto;
os
l u g a r e s
do tempo —
antes de nós, o tempo
o início do tempo, em nós
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Verão de 2022
ISBN:9786553610095
FORMATO: 15×21 cm
TOTAL DE PÁGINAS: 124
R$ 49,70 R$ 34,79
BRUNO PRADO LOPES é poeta. Nasceu em São Paulo (SP), em 1981. Autor dos livros de poesia: Não é o silêncio quem passa (Ed. laranja Original, 2017), Fraturas (Selo Orpheu — Ed. Multifoco, 2010), entre outros. Com participação em antologias, também publicou em periódicos e revistas eletrônicas, no Brasil e em Portugal.