Dividido entre prosa e poesia, O tempo evapora – primeiro livro de Eduardo Forgiarini – é uma experiência de leitura que nos coloca em um estado de apreensão profunda daquilo que é sutil e simbólico. Daquilo que deixa um saldo delicadamente intrigante. Daquilo que nos leu.
Os textos em prosa são um franco convite a grandes cruzamentos e rotas de intertextualidade. E assim − ossos e leões fervendo contra a fúria do mundo −, questões são erguidas, folhas rastejam, dúvidas e perfumes se misturam, mas as coordenadas são precisas. E é precisa a amplidão. Há as reservas (colossais) de tempo e, dos ouvidos que escutam o essencial, as palavras não cobram preço nenhum: estamos no parque, segura a minha mão, os olhos se inundam, traços se dissolveram e o algo selvagem traz a matéria interna.
Sirva-se – a manhã chega sempre, e a vitrine, e os lençóis e a poeira. Amor e cor, amor e contorno, aqui os caminhos são as próprias perguntas. No entanto: pisar descalço e rezar enquanto a areia se torna rubra e a casa espera em telhas e poemas. Da janela o aceno.
E, então, os poemas que anunciam cortes e vagas. Na apropriação de retina e de pele e de ossos novamente, a tinta emprestada é lastro e é carne. A singularidade das imagens, entre metal e corvo, traz o senão que é também fôlego. Olhos são consertados pelo vento e pelos astros a partir dos instantes puros. E há setas e caminhos, quando o poeta/poema, dobrado em arco, deposita as palavras-oferenda.
Aqui foz e gestos raros. O convite é para que leiamos O tempo evapora com olhos de recolher o que a melhor palavra nos oferece.
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O tempo evapora
72 páginas
Formato: 16×23
ISBN: 978-65-5361-213-6
Arte de capa: Ná Silva
R$ 44,70 R$ 31,29
Eduardo Forgiarini (1997) nasceu e cresceu na Lapa, cidade próxima a Curitiba, no Paraná. Formou-se em Letras pela UFPR, onde também concluiu seu Mestrado e onde cursa o Doutorado, ambos em Estudos Literários. Veio de escola pública e nela dá aulas de Língua Portuguesa. Interessa-se pelo medo, pelos sentimentos enterrados na psique humana, e pela explosão da raiva no grito, como vazão dos ecos da alma. Caminha com Oxóssi e Oxum, dona Mulambo e seu Tranca Gira. É de peixes, com ascendente em escorpião e lua em gêmeos. Foto: Helmo Henrique Piculski