Uma praça que cabe no bolso; Borboletas que brotam no peito dos que dançam; Uma boca maldita; Penumbra de um cinema em volúpia; Uma saia amarela Oxúm: são algumas das imagens capturadas numa cidade (extra)ordinária, flagradas no percurso de um sujeito atento às sutilezas do espaço urbano. Através de uma narrativa urgente, Cadu Cinelli nos coloca na garupa de uma bicicleta. Convida-nos a percorrer uma cartografia habitada por personagens oprimidos pela especulação imobiliária, pelo machismo, pela LGBTQIA+fobia, pelo moralismo, pela eugenia, pelo capital e que encontram seus sentidos nas fendas imprevisíveis de uma urbanidade presumida.
Os limites comumente usados para distinguir corpos de territórios são borrados. Relevos, edifícios, becos e vielas passam a ser lidos através da corporeidade dos que se arriscam pela urbe, dos que “lavam seus medos” na fonte de uma praça pública, cotidianamente.
“O pior perigo de gente humana é o esquecimento” – diz o gato Antônio. Cadu, portanto, nos convida a piscar os olhos diante dos lugares que abrigam nossas lembranças mais intensas, na tentativa de apreender as paisagens que compõem o imaginário urbano. Desse modo, os leitores passam a colecionar instantes, como num álbum fotográfico. Rememorando os desejos de Marcopolo em “As cidades invisíveis”, o livro constrói trajetos narrativos para que possamos nos sentir habitantes de uma cidade afetiva, libidinosa, híbrida e expropriada. Trata-se de uma leitura errante, marcada por discursos indispensáveis ao debate político contemporâneo.
“Percursos Afetivos: uma cartografia de histórias”, é um livro que abriga espaços, temporalidades, memórias e impressões sobre uma Curitiba que, de tão corriqueira, torna-se extraordinariamente familiar, como parece ser tudo aquilo que nos torna realmente pertencentes a algum lugar.
Lucas Buchile, promotor de leitura, ator e produtor cultural
Outono 2021
124 páginas
ISBN: 978-65-89624-43-1
R$ 44,70 R$ 31,29
Sempre tive a impressão de que quando Cadu conta histórias, narra ou performa, ele dota de volume e corpo, as palavras. Assim, já o vi construir lugares, paisagens, derrubar muros, e pousar gentilmente sobre escombros. E a isso creio depender da qualidade de suas escutas e do sentir de própria pele.
Então, quando Cadu me contou que pensava em unir as histórias com a bicicleta senti soprar no ouvido a brisa das pedaladas que movimentariam as histórias e rumariam para novos territórios. E eis que estamos neste livro.
Sugiro que, enquanto você estiver lendo, acompanhe pedalando, sim! Pra ter acesso a um lugar em comum.
Primeiramente ajuste altura do assento até os ossos da cintura para que a perna possa se movimentar bem, deixando os joelhos livres e com leve apoio das mãos no guidom.
Em percursos afetivos, Cadu Cinelli convida a leitura para passear e traduz uma geografia afetiva pela perspectiva da bicicleta dos lugares que percorreu.
Acompanhe! Ainda que seja um pedido fácil, talvez exija mais do que se imagina.
(Patrícia Valverde, mãe de 3 crianças, embaixadora da bicicleta pela ong BYCS, Holanda. Coord. Ciclooguaçu e co-idealizadora da Bicicletaria Cultural)
Cadu Cinelli
Cadu Cinelli nasceu no Rio de Janeiro, em dezembro de 1979. Atualmente vive em Curitiba. Pedalar, contar histórias, atuar e bordar estão entre suas paixões artísticas. É integrante do grupo Os Tapetes Contadores de Histórias desde 1998, sua base artística de criação e atuação profissional. Já viajou se apresentando na Argentina, Austrália, Benin, Bolívia, Chile, Espanha, México, Nicarágua, Paraguai, Peru e Portugal.
É Bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, Especialista em Psicologia Junguiana, Arte e Imaginário pela PUC RIO e é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPR, onde está pesquisando sobre as relações entre a arte de contar histórias e a geografia.
Assinou ao lado de Warley Goulart as ilustrações do livro O Congo vem aí, de Sergio Caparelli pela Editora Global. É coautor, com o Professor Marcos Alberto Torres, de um dos capítulos do livro Geografia e Arte, organizado pelo Professor Alessandro Dozena.
Percursos Afetivos: uma cartografia de histórias é sua estreia como autor de ficção.