O desequilíbrio que acompanha a passagem para a vida adulta abre-se como uma lente privilegiada para que possamos enxergar ali as diferenças de classe, os anseios de mundo e as projeções de um futuro que pode ser realizado ou que pode ser interrompido.
Renan é a lente privilegiada em Pra que servem os amigos. Um jovem de classe média baixa em uma cidade interiorana que se encontra em um ponto de intersecção. Ao fazer amizades com alguns adolescentes ricos, certa noite se vê diante de uma ação com consequências desastrosas. A promessa de festas luxuosas e o contato com meninas lindas são logo contrabalanceados pelos abismos que se estabelecem entre Renan e aquele estilo de vida, mas sobretudo entre a adolescência e a vida adulta.
A excitação da descoberta sexual e a percepção de um deslocamento social agem nesse romance como personagens que vão construindo uma grande tensão narrativa. Se o entorpecimento, os cigarros e os amigos do colégio podem ser fugas para um jovem de dezesseis anos que está tentando entender qual pode ser o seu futuro, o peso das incertezas e as decepções parecem constituir uma parte importante da formação que ocorre como uma força imparável e intratável. Pra que servem os amigos apresenta um quadro psicológico e social da vida interiorana que se projeta para o mundo dentro de um microcosmo muito rico e complexo.
Lucas Lazzaretti
Pra que servem os amigos, de Luisandro Mendes de Souza
16×23
104 págs.
ISBN: 978-65-5361-338-6
R$ 49,70 R$ 34,79
Disponível por encomenda
Luisandro Mendes de Souza é natural de São Miguel do Oeste (SC). É professor no Departamento de Literatura e Linguística da Universidade Federal do Paraná. É autor dos livros de linguística Como uma língua funciona (Mercado de Letras e Abralin) e Para conhecer pragmática (Contexto) em coautoria com Luiz Arthur Pagani. Publicou os livros de ficção O primeiro cigarro (e-galáxia) e Verde, amarelo, vermelho (Kotter).