Contemporâneo de Homero, Hesíodo viveu num período em que os poemas ainda não eram escritos, quando o alfabeto grego, mais tarde adaptado da escrita fenícia, ainda não fora criado. Hesíodo, como Homero, era um aedo (cantor, em grego), um praticante do culto às musas e à deusa Memória que sabia de cor diversas e extensas canções.
Nessa condição, Hesíodo, nascido no século VIII A.C., compôs esta canção basilar do legado cultural e espiritual do Ocidente, a que séculos depois os mestres-escolas da cultura clássica dariam o nome de Teogonia, palavra que em grego significa “nascimento de deus” ou “dos deuses”.
Composta de aproximadamente mil versos hexâmetros, a Teogonia nos revela o surgimento do mundo por meio do nascimento dos numerosos deuses que arvoram o panteão grego.
Segundo o filólogo e classicista alemão Werner Jaeger, “os três elementos essenciais para uma doutrina racional do devir no mundo aparecem… com evidência, na representação mítica da Teogonia: o Caos, o espaço vazio; a Terra e o Céu, fundamento e dossel do mundo, separados pelo Caos; e Eros, a força originária e criadora do Cosmos” (Paidéia: A Formação do Homem Grego).
Esta canção cósmica, criada na Beócia por Hesíodo, num contexto de pequenos agricultores em terra escassa, atravessou as eras incólume, viva, grandiosa.
O escritor Henry Bugalho decidiu-se agora a traduzi-la, e bem, aproximando-a do leitor atual através da melhor refação possível da potência melódica original, bem como da clareza sublime com que era cantada aos atônitos aldeões dos umbrais da história grega.
Marcos Pamplona
Verão 2020
ISBN: 978-65-86526-86-8
124 pág.
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Hesíodo
Acredita-se que o poeta Hesíodo tenha vivido entre 750 A.C e 650 A.C. Ao lado de Homero, é considerado um dos pilares da literatura grega e uma das principais referências sobre a mitologia e sociedade grega de seu tempo. É conhecido como o “Pai da poesia didática”.
Teogonia, O Trabalho e os Dias e O Escudo de Héracles são três das obras atribuídas a Hesíodo que chegaram aos nossos dias. A primeira, um poema épico expondo a gênese dos deuses e elencando o vasto panteão de divindades gregas; a segunda retratando as dificuldades da vida dos camponeses e o ciclo de trabalho rural; por fim, a terceira relata a jornada na qual o herói Héracles enfrenta Cicno, filho do deus da guerra Ares.
Enquanto Homero se consagrou celebrando as vitórias e ambições da aristocracia helênica, Hesíodo nos proporciona um vislumbre que nos acerca da vida e crenças dos homens comuns do mundo antigo do Mediterrâneo.
Henry Bugalho
Henry Bugalho é curitibano, formado em Filosofia pela UFPR e especialista em Literatura e História. Com um estilo de vida nômade, já morou em Nova York, Buenos Aires, Perúgia, Madri, Lisboa, Manchester e Alicante.
É autor de romances, contos, novelas, guias de viagem e de um livro de fotografia. Atuou como tradutor para a TransPerfect, a maior empresa de tradução do mundo.
Fellow da Royal Society of Arts.