Lâminas Cortantes é inspirado em um dos mais recorrentes mitos urbanos de Curitiba: o de que havia na cidade um psicopata que colocava giletes em escorregadores infantis. O repórter policial João Lamartine, da Tribuna Popular, é encarregado de sondar a denúncia de mais uma ocorrência. Todavia, se depara com uma pesada cortina de silêncio. Na Polícia não há registros e nenhum outro jornal da cidade faz a menor menção ao caso. Isso é um forte indício de que há gente poderosa envolvida. O repórter é conhecido por seu caráter obstinado, de agarrar à unha e não largar casos criminais que envolvam personalidades graúdas. À primeira vista, a solução do caso parece fácil. No entanto, ao investigá-lo, Lamartine se vê envolvido em uma trama que ameaça custar-lhe a própria vida.
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Lâminas Cortantes
Uma novela policial finlandesa ambientada no Brasil.
“Finalmente chegou às livrarias um autor que se libertou das fórmulas já desgastadas do romance policial nórdico. Altti Hämäläinen soube abandonar as tramas góticas excessivamente rebuscadas e voltar ao essencial. “
Ronald D. Armstrong – Dallas Chronicle
“Muitos acharam que Altti Hämäläinen tinha chegado a seu auge com o romance policial Nouseeko aurinko taas? (O sol voltará a nascer?). Enganaram-se totalmente. Ele continuou a se superar a cada novo lançamento, deixando nos leitores um sabor a quero mais. “
Zacharia Löewenthal – Düsseldorf Zeitung
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Lâminas Cortantes
Autor: Altti Hämäläinen
Ilustrações: Ângela Luzia
1. ed — Curitiba : Kotter
Editorial, 2024.
16X23 cm
168p. il.
ISBN 978-65-5361-361-4
R$ 64,70 R$ 45,29
No livro Lâminas Cortantes, Altti Hämäläinen nos apresenta uma história policial ambientada na Curitiba dos anos 50. A trama segue o repórter João Lamartine, que, em meio a uma cidade que oscila entre a modernidade e as tradições, é designado para investigar um rumor que circula pelos parques da cidade: lâminas de barbear escondidas em escorregadores infantis, ferindo crianças. Esse mistério serve como o ponto de partida para uma narrativa que envolve personagens profundos, dramas pessoais e uma rica descrição dos cenários curitibanos.
Uma das grandes qualidades de Lâminas Cortantes é a capacidade do autor em capturar a essência da Curitiba da década de 50. Os detalhes geográficos e culturais fazem com que o leitor mergulhe de forma autêntica no ambiente da época. Bairros como o Juvevê, o Passeio Público e a colônia polonesa de Santa Cândida são descritos com precisão, refletindo tanto o desenvolvimento urbano quanto os aspectos culturais que moldam as relações sociais e os conflitos vividos pelos personagens.
O protagonista, João Lamartine, foge do arquétipo clássico dos heróis de histórias policiais. Ao contrário de figuras como Sherlock Holmes ou Hercule Poirot, Lamartine não é excepcionalmente brilhante ou astuto, mas sim um homem comum, com uma vida medíocre e desafios pessoais. Esse aspecto o aproxima do leitor e reforça o realismo da narrativa. Sua personalidade calma e resignada contrasta com os eventos dramáticos e violentos que investiga.
Outro aspecto que enriquece a obra são as sutis referências literárias e culturais espalhadas ao longo da narrativa. Altti Hämäläinen presta homenagens a escritores como James Joyce, Aino Kallas, e até Guimarães Rosa. Além disso, há menções a clássicos da literatura curitibana, como Dalton Trevisan e Otávio Linhares, mostrando que o autor fez uma pesquisa aprofundada sobre a literatura e a cultura local.
Lâminas Cortantes é uma leitura indispensável para os fãs de romances policiais e, especialmente, para aqueles que desejam explorar uma Curitiba antiga e enigmática. Com uma narrativa fluida e personagens cativantes, Altti Hämäläinen consegue criar uma trama envolvente, que equilibra mistério, contexto histórico e análise social.
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A biografia de Altti Hämäläinen é um espaço de indeterminações. Nem sequer é possível afirmar se esse nome se refere a alguém que de fato existe, ou se é apenas o pseudônimo literário de algum escritor pouco disposto a aparecer em público. Para a maior parte dos estudiosos de sua obra, Altti Hämäläinen é um heterônimo de Anders Päronsson, um autor finlandês de origem sueca. Segundo essa hipótese, ele seria filho de um especialista em telefonia, que trabalhou e viveu em Curitiba entre o início dos anos 50 e a segunda metade dos anos 60, quando a família retornou à Finlândia. Päronsson estudou letras Universidade de Turku. Especializou-se em Linguística, na área de Inteligência Artificial, o que levou a Nokia a contratá-lo. Em simultâneo, dedicou-se à escrita de romances policiais. Com a derrocada desse grupo empresarial finlandês, Päronsson aderiu a um programa de aposentadoria voluntária e mudou-se para o Brasil, mas não em busca das praias e do calor dos trópicos. Voltou para Curitiba, onde continuou a escrever, transferindo a ambientação de suas novelas da paisagem gelada da Finlândia para a cidade onde vivera na adolescência. Mas tudo isso são apenas conjecturas.
Heraldo Schneidermann
Doutor em Literatura Comparada