A pesquisa histórico-musical escava as raízes da pátria. O “Volume Zero” expande a resposta sobre quem inventou o Brasil segundo a marchinha de Lamartine Babo: além de Cabral e dos povos formadores, foram também as canções populares gestadas em ruas, palácios e praças desde o nascer.
A expressão musical da identidade brasileira precede até mesmo o grito do Ipiranga, conforme demonstra o estudo. Muitos ritmos e letras gravados na memória afetiva da nação surgiram bem antes da consolidação política, festejando conquistas e lamentando mazelas sociais dia após dia.
A pesquisa revela que, já no Império, a música popular desafiava o establishment e registrava anseios de mudança, mesclando irreverência e esperança. Canções de exaltação nacional também eram entoadas com frequência. Toda essa mixórdia sonora compunha, nota a nota, a trilha da jovem nação.
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acompanhe as músicas citadas no livro
https://www.quemfoiqueinventouobrasil.com/
dezembro de 2022
ISBN: 978-65-5361-080-4
Total de páginas: 614
Formato: 16X23 cm
R$ 169,70 R$ 118,79
Este “Volume Zero” enriquece a resposta para a pergunta “Quem foi que inventou o Brasil?”. Feita por Lamartine Babo na marchinha “História do Brasil” de 1934. Ele mesmo respondeu que foram os europeus, os indígenas e os africanos que formaram o povo e a identidade do país.
Este novo trabalho de pesquisa aprofunda essa resposta e mostra que a invenção do Brasil pela música é ainda mais antiga e difusa. Remontando pelo menos ao período da independência no século XIX.
Algumas das primeiras canções documentavam a formação do Brasil como nação independente. Foram produzidas nos palácios e instituições oficiais da época. Mas a maioria na verdade nasceu nas ruas, ou seja, nos circos itinerantes, barracas de artistas ambulantes, senzalas, teatros populares, salões informais, rodas de boêmios, cafés-cantantes e outros espaços. Onde o povo se reunia para cantar, dançar e debater os acontecimentos do momento.
A música popular brasileira, cantando, brincando e muitas vezes improvisando, buscou desde o princípio registrar os fatos históricos, as transformações sociais, as dificuldades e os anseios do povo. Frequentemente entrando em atrito com as elites dominantes quando expressava insatisfações ou críticas ao status quo.
Já no Período Imperial do Brasil essa característica de servir como voz do descontentamento popular e registrar os anseios de mudança política e social se acentuou ainda mais. As letras traduziam o inconformismo com o autoritarismo do governo imperial e a persistência de problemas como a escravidão. Ao mesmo tempo em que projetavam esperanças em outros modelos, como a democracia e a República.
Portanto, a pesquisa apresentada no “Volume Zero” revela que muito antes do chamado “descobrimento” e mesmo da independência oficial enquanto Estado. A música popular já contava a história do Brasil nascente, exaltando conquistas e identidades regionais ao mesmo tempo em que denunciava injustiças e reivindicava transformações na sociedade. Muitas das quais permanecem atuais.
Confira aqui as músicas citadas no livro.
Franklin Martins
Jornalista político brasileiro. Foi ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Brasil durante o segundo mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva até dezembro de 2010