SONHO E PESADELO
No momento em que a Amazônia arde em chamas e o planeta se contorce em dores, reveste-se de especial importância a presente reedição do romance A Espera do Nunca Mais. Lançado em 1999 e reeditado em 2003, a obra obteve o reconhecimento da crítica e do público brasileiros, vindo a conquistar, em 2000, na virada do milênio, o Prêmio Lima Barreto/Brasil 500 Anos, concedido pela União Brasileira de Escritores (Rio de Janeiro). Refinamento de estilo e densidade de conteúdo são características desse romance a um tempo arte e denúncia, registro e libelo, como testifica a extensa e preciosa fortuna crítica surgida ao longo de 20 anos:
“A crítica não economizou elogios e o vem considerando a maior revelação da literatura amazônica nos últimos anos. O entusiasmo se justifica. No intenso trabalho de escrever e aprimorar seu estilo, Sena conseguiu fugir dos estereótipos que cercam a Amazônia. (…) Agora, para alegria de todos que amam a literatura nacional, A Espera do Nunca Mais é uma nova parada obrigatória rumo ao conhecimento filosófico e existencial da Amazônia.” (OSCAR D’AMBROSIO. “Uma extensa e densa aula de Amazônia”. Jornal da Tarde. São Paulo)
“Nessa história de citações belíssimas, poéticas e vertiginosamente realistas da Amazônia, personagens como Gedeão e Diana traduzem fielmente essa geografia humana e social com seus instigantes processos de relação. Diante de uma paisagem que condensa mistérios arrebatadores, o homem cria seus mundos e neles projeta-se oniricamente, expande fabulosamente seus desejos materiais e afetivos.” (RONALDO CAGIANO. “Um novo olhar sobre a Amazônia”. Opção Cultural. Goiânia)
“Eis um romance que invade a literatura brasileira com a força de um fenômeno da natureza. Trata-se de uma saga amazônica chamada A Espera do Nunca Mais. Seu autor, Nicodemos Sena, tem o domínio da narrativa de ação e o talento de criar gente. Seus personagens representam a Amazônia com sua largueza e sua mistura, caboclo e floresta unidos num ecossistema geográfico-humano que retrata a nossa mais desconhecidamente forte região em que o Brasil se firma e se revela. É romance que deve ser lido. Nele, realidade e lenda se juntam com naturalidade. As palavras formam um estilo ínsito à grandeza das paisagens que descreve.” (ANTONIO OLINTO/ “A Espera”. Jornal de Letras. Rio de Janeiro)
“Nicodemos Sena, em seu formidável romance da Amazônia, demonstra ter um senhor pulso de romancista. Conseguiu amalgamar numa escrita sedutora e envolvente milhentas vivências, experiências, informações, etc. É incrível a rede de fatores que o autor consegue reter na rede das palavras.” (NELLY NOVAES COELHO. O Estado de São Paulo. São Paulo)
A Espera do Nunca Mais divide-se em três partes – o antes, o durante e o depois da chegada do grande capital à Amazônia – e tem como pano de fundo o confronto entre o arcaico e o moderno. Além de ser um comovente e espantoso painel de uma Amazônia exuberante e agredida, o livro, prenhe de poesia e humanismo, também é uma aventura estilística bem-sucedida e raramente vista, que a Kotter Editorial tem a honra de reeditar.
Verão 2019/2020
ISBN: 978-65-80103-78-2
1112 pág.
R$ 269,70 R$ 188,79
Nicodemos Sena
Nicodemos Sena nasceu no município de Santarém, em 08.07.1958, e passou a infância entre índios e caboclos do Rio Maró, região de fronteira entre os estados do Pará e Amazonas (Amazônia brasileira), experiência que marcaria para sempre a sensibilidade do escritor identificado com a terra e os povos da Amazônia.
Em 1977 vem para São Paulo e aí se forma em jornalismo, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), e em direito, pela Universidade de São Paulo (USP).
Repórter e redator em órgãos da imprensa de São Paulo, retorna ao Pará em 2000, assumindo o posto de diretor de redação de “A Província do Pará”.
Fez sua estreia literária em 1999, com o romance A Espera do Nunca Mais, uma saga amazônica de 876 páginas.
No Pará, proclamou o historiador, folclorista e crítico Vicente Salles:
“Com A Espera do Nunca Mais, pela primeira vez temos, na ficção, o caboclo como agente da história, o índio que se destribalizou, que vive entre dois universos que se opõem e se excluem.” (“O caboclo como agente da história”. A PROVÍNCIA DO PARÁ, Belém, PA, 15.03. 2000).