Canto Enforcado em Vento – Rodrigo Tadeu Gonçalves

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Em CANTO ENFORCADO EM VENTO, o novo livro de Rodrigo Tadeu Gonçalveso fio da faca explode em mil laceraçõespropõe agudez, como o autor revela em seus poemas, lâminasmetafísicas que buscam corporeidade e carne. São poemas que reinventam línguas. Não línguas como a licença que aos poetas é dada como natural mas, a palavra reinventada enquanto natureza viva em um cosmos que ele chama de LIVRO, porque torce o que antes era só potênciae gera a nova vida do infinitoCANTO ENFORCADO EM VENTO é a liberdade do sopro dessas invenções que sabem à vida e ao movimento do ar como respirações contínuas, à maneira de monólogo silencioso/ Expandindo a calma[Inesperar DeschoverIncriarApavoros]. Em alguns momentos os poemas elaboram, portanto, essas invenções que provocam os sentidos da sintaxe cotidiana para propor implosão da infinitudesimplifica tua linguagema faca não é mais a metafísicaa carne que ela corta /sabe que é mortalE segue à procura de nomes, ou da musa que se dilui em míticas figuras da linguagem a indagar pelo começo e pelo fim que afinal podem iniciar e se esvair em uma ventania de um segundo. Por fim CANTO ENFORCADO EM VENTO é o desdobramento da larga experiência de Rodrigo como tradutor e crítico pensador da literatura, o que não lhe impede de desdobrar-se em faca afiada, cósmica e intensa, e isso ele o faz com maestria. Assim o livro fecha-se já pleno e saciado/ já pronto em ser o templo/ do que ele mesmo mal consegue desvelarNão existir para existir, ora, afinal tudo é para deixar o vento levantaros olhos que riem/ num farfalhar de borboletas/ que ventam/ perturbando o universo em derredor. 

Jussara Salazar

Verão 2019

SBN: 978-65-80103-72-0

114 pág.

 

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Rodrigo Tadeu Gonçalves

é professor, tradutor e editor. Publicou o livro de ensaios Algo Infiel: Corpo Performance Tradução, em coautoria com Guilherme Gontijo Flores, e os poemas de Quando o Verão (2018, Kotter Editorial/Patuá). Acaba de publicar a tradução de “Os Adelfos” de Terêncio (Autêntica) e de terminar sua tradução de “De Rerum Natura” de Lucrécio, a sair pela mesma editora. É também um dos fundadores do coletivo Pecora Loca, que mistura poesia, tradução e música.