Falta temporária
Sete novas vozes enunciam-se neste Vera-cidade, fero-cidade, fuga-cidade. O título, aliás, explicita o elo e o eco da palavra: Curitiba-mundo. Os poemas, frutos das oficinas de escrita criativa do grupo Entreprosas, ministradas em 2019 por Alexander Brasil, Clarissa Comin, Jussara Salazar, Marcelo Bourscheid, Ricardo Pozzo e Otto Leopoldo Winck, compõe um mosaico curioso e dissonante, cujo resultado é a diversidade. Temáticas variadas permeiam os versos, tais como: o cotidiano, o amor e a epifania. Mas não só: o contemporâneo lateja, a violência urge, o sangue mancha as páginas. Não há dúvidas: o grito e o silêncio são políticos. Parte por parte, poeta por poeta, é possível vislumbrar os percalços, angústias, desejos e anseios que levam ao gesto inicial, à pulsão da dura escritura. Vistos deste ângulo, os poemas possuem uma unidade e densidade particular. Seja como for, lê-los é passear pelo melhor de uma escritura promissora, pronta para alçar voo. Mas não se engane: escrever dói. Talento? Inspiração? Ofensa. Se, por um lado, é questionável o “ensino” da escrita literária; por outro, as oficinas expõem o caráter artesanal e laboral do ato. Escrever é lapidar. Secar o suor e as lágrimas com a pele esfolada, em carne viva. Ecoando Antoine Compagnon, nunca é demais perguntar: literatura para que? Ou, ainda: poesia para que(m)? Para olhar de dentro para fora, de fora para dentro e, de novo, repetir o movimento: incessante, porque humano. Daí o olhar-poeta ter, sempre, um quê de poético e de caótico: para o bem e para o mal, escrever é adentrar a humanidade de si e do outro. Também não é demais parafrasear o já tão parafraseado Antonio Candido, em seu ensaio O Direito à Literatura: a literatura confirma a gente na nossa humanidade. E essa é apenas uma das razões para a sua irrevogabilidade enquanto direito humano incompressível. Entre prosas e versos, a literatura (r)existe. Ainda bem. Ao projeto Entreprosas, por sua fundamental ação fomentadora e difusora do incentivo à escrita literária e à literatura: vida longa, evoé!
Alexander Brasil
Verão 2021
ISBN: 978-65-86526-88-2
80 pág.
Acesse nosso canal no Youtube: Kotter Tv
R$ 39,70 R$ 27,79
Entreprosas
Entreprosas é um grupo de escrita criativa organizado por estudantes da cidade de Curitiba, Paraná. Desde 2017 o grupo oferece oficinas de escrita criativa artístico-literária gratuitas e abertas a toda a comunidade. Somos um grupo itinerante e entendemos que todo espaço é espaço para a atividade de criação, portanto não temos endereço fixo. Para acompanhar nossas atividades, siga-nos em:
Facebook: https://www.facebook.com/entreprosass
Instagram: @entreprosas.ge
Autores:
João Simino (org.)
Escritor nascido e crescido em Curitiba. Em 2020 lançou seu primeiro livro, Entre a Palma e o Crânio, pela Kotter Editorial. Finalista do Prêmio Off Flip de Literatura 2020 (poesia). Coordenador e fundador do Entreprosas (Grupo de Escrita).
Clarissa Comin (org.)
Nasceu em Fortaleza e vive em Curitiba desde 2006. É doutora em Estudos Literários (UFPR), escritora, professora de língua francesa e integrante do coletivo literário quadrilha. Em 2019 estreou com vasto trovarr, publicado pela Benfazeja. Além disso, tem publicados contos, poemas e traduções em diversas revistas e antologias. Em 2020 será publicado seu primeiro livro de contos, nebulosas (ed. Medusa), e três poemas na antologia Quem dera o sangue fosse só o da menstruação (ed. Urutau).
Bruno Everton (org.)
Bruno Everton tem 26 anos e reside em Curitiba, Paraná. Atualmente, é mestrando em Estudos Linguísticos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Já ganhou o Prêmio Poetize da Editora Vivava em 2016, e acompanha o grupo Entreprosas realizando oficinas de Escrita Criativa junto com o grupo.
Doutor e mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), nasceu no Rio de Janeiro, capital, em 1967. Depois de uma passagem por Porto Alegre, radicou-se em Curitiba, em 1982. Em 2006 foi vencedor do prêmio da Academia de Letras da Bahia, com o romance Jaboc, publicado no ano seguinte pela editora Garamond. Em 2017 lançou pela Editora Appris o ensaio Minha pátria é minha língua: identidade e sistema literário na Galiza, resultado de sua pesquisa de doutorado, e no ano seguinte publicou um volume de versos, Cosmogonias, pela Kotter Editorial. Seu último romance, Que fim levaram todas as flores, saiu em 2019, numa parceria da Kotter com a Patuá. Leciona atualmente na PUCPR e no programa de pós-graduação stricto sensu da Uniandrade. Além disso há anos vem ministrando oficinas de escrita criativa.
Alexander Brasil
Trabalha com incentivo à leitura e pesquisa de literatura brasileira e gênero. Foi coordenador do grupo de homens transexuais do Transgrupo Marcela Prado (ONG). Atualmente, trabalha na Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e estuda Letras na Universidade Federal do Paraná (UFPR), além de integrar o Fórum Paranaense de Travestis e Transexuais, e o Coletivo Apollo, voltado para homens transexuais. Recebeu o Prêmio Visibilidade (2014), por sua luta pelos direitos humanos e, mais recentemente, ganhou o 1º lugar do Concurso Literário Luci Collin (2019).
Ana Luiza Cordeiro
Nasceu e cresceu em Curitiba, cidade em que se formou em jornalismo, o que permitiu formalizar os laços já antigos com as escritas. Concluiu o mestrado em Estudos de Linguagens, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, e atualmente faz doutorado em Tecnologia e Sociedade pela mesma instituição. Pesquisa sobre gênero e busca situar a sua existência enquanto mulher em cada linha. Encontra na escrita o refúgio para si.
Gláucia Beatriz Alves
Graduada em letras. Pós–graduanda em teoria literária. Traz em seu DNA o amor pela leitura e escrita. Aos sete anos descobriu-se apaixonada por um livro e desde então, leu poesia, contos, novelas, romances e só então entendeu que a da literatura ressignifica o mundo que ela mesma interpreta, narra, descreve e escreve.
Jordan Souza
Nasceu em Curitiba, no Paraná, em 1995. Desde o início da sua vida escolar, sempre se interessou pela leitura e por contar suas próprias histórias. O amor pelo storytelling e pela criação o levou para o curso de Publicidade e Propaganda, no qual se formou em 2017 e, no mesmo ano, deu início a sua carreira como escritor independente com a publicação do conto “A Bandeira Vermelha”. Seu segundo conto, “Paraíso”, veio no ano seguinte. Com o ingresso no curso de Letras, em 2019, aprofundou seu laço com a literatura, contemplando novos caminhos narrativos ainda a serem explorados.
Leni Dias Fabri
Venho de –Curitiba, pinheiros e bondes, onde nasci. Meu pai Professor, mãe Professora, casal Mestre- Escola. Me criei na cidade sorriso, dentro de Escola. Na minha cidade universitária UFPR, me fiz Pedagoga, Administradora Educacional. Nas artes, me fiz em Arte Dramática, Teatro. Professora e Mestre em Teoria Literária, pesquisadora de Literatura Latino- Americana. Estou bem porque herdei minha missão- profissão, cumpro com a minha herança. “Não sou biografável“, me procurei a vida inteira e não me achei – “pelo que fui salva” – De Manoel de Barros.
Marli Voigt
Nascida em 23/07/1965, em Marcilio Dias, distrito de Canoinhas -SC. Encontra na natureza seu jardim com versos rosas.
Mônica Laurentino
É estudante de Pedagogia na UFPR, nascida no Pará. Nas horas vagas, divide seu tempo entre a companhia de um bom livro, filmes românticos e a escrita. Gosta de desenhar, mas acha que não tem talento para isso. É uma fanática por contos de fadas e espera ansiosamente escrever o seu algum dia. Atualmente, Mônica vive com seus pais e o irmão em Curitiba, Paraná.
Zélia Caetano
Performer, estudante pesquisadora em Artes no PPGARTES FAP/Unespar. Psicanalista.