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Boletim de notícias da Kotter

 

Em entrevista à TV Tutameia, o sociólogo e especialista em sociologia do Trabalho, professor Ricardo Antunes, da Unicamp, aponta aquilo que de alguma maneira estamos sentindo: com a pandemia e as plataformas digitais, o Capital elimina os tempos mortos de trabalho e consegue uma alta produtividade, além de eliminar a distinção entre o espaço de casa e o espaço do trabalho.

“A pandemia acelerou a servidão do trabalho. Os capitais fizeram laboratórios de experimentação, ampliando a uberização para várias categorias. Com o home office, se perde o espaço da casa como o de descanso. Você trouxe o horror do trabalho do espaço fora de casa para dentro de casa. Não tem jornada de trabalho. O tempo de vida no trabalho se mistura com o tempo de vida na casa. Borrou tudo. Não tem mais limite. É uma forma de escravidão digital”.

É a análise que faz o sociólogo Ricardo Antunes ao Tutaméia. Ele alerta que a situação atual “abrirá uma brecha para as empresas daqui a pouco dizerem: ‘Você está indo muito bem como home office; só que você ainda é CLT. Só que agora o mundo é moderno, e a CLT é arcaica’. O que eles estão propondo não é arcaico; é escravidão. O capitalismo de plataforma se assemelha à protoforma do capitalismo, a forma primeva, primeira. E o que era essa forma primitiva? Nas colônias, era escravidão ilimitada e brutal do trabalho escravo negro e indígena. Em Manchester [na Inglaterra, berço da revolução industrial], as jornadas eram de até 18 horas para crianças, mulheres, homens”.

Antunes lembra que o museu da revolução industrial naquela cidade [onde funcionou a primeira máquina a vapor na indústria têxtil, em 1789] expõe a evolução das máquinas e mostra, ao lado delas, um aposento onde dormiam as pessoas. No espaço, há caixas de 1,20 m de comprimento com 50 cm de largura. Eram onde dormiam as crianças.

https://www.youtube.com/watch?v=5cLEZXwzCPk

 

Pedro Carrano é o responsável pelo Boletim de Notícias da Kotter. Pedro nasceu em São Paulo (SP), em 1980. Jornalista, militante político e pai da Clara. Tem livros de reportagem e poesia. “Meninos sem Matilha” é seu segundo volume de contos. 

Imagem, fonte: Brasil Metrópole

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