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por Pedro Carrano

 

Boca de urna na Bolívia mostra vitória retumbante do economista Luis Arce sobre a direita (acima de 50% e com 20 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, Carlos Mesa), desempenho que deixa poucas brechas para golpes e dúvidas, e que foi reconhecido até mesmo pela presidente de fato, Jeanine Añez.

A vitória se deve a alguns fatores perceptíveis. Ano passado, os setores golpistas aproveitaram-se de desgaste de Evo na eleição de 2019, quando 65 mil robos no Twiter haviam sido criados às vésperas do golpe, e houve todo um ataque anterior contra a figura de Evo Morales, usando os temas já conhecidos pela direita, de que haveria na Bolívia “corrupção” e “ditadura”.

Agora, os próprios golpistas passaram desgaste no último ano. O governo de Añez era de projeto inviável, ao abandonar um projeto nacional, não resolver o problema da saúde pública e da Covid-19, além do desgaste com um governo de natureza neoliberal e autoritário diante de uma população com tradição de luta e organização.

Como bem observou um tuíte do jornalista Miguel Henrique Stédile, não foram as urnas que derrotaram a extrema-direita fascista, mas o movimento de rua e a organização. Como demonstra o programa “O Sul do Mundo”, https://www.youtube.com/watch?v=JT5WG7Q0QAw&t=31s

essas lutas populares do movimento popular, indígena, camponês e operário ocorrem desde os anos 2000 nitidamente com um programa nacional e contra privatizações.

O Ex-presidente Evo Morales mencionou a conquista de maioria parlamentar. Agora é não abrir o flanco para os golpistas e transnacionais.

Como afirma o jurista e escritor Gladstone Leonel, no Brasil de Fato, a democracia segue em disputa e deve ser mantida com mobilização:

“Uma vez confirmada essa vitória, será um primeiro passo para a retomada democrática no país, mas isso não é o suficiente para que o bloco de mobilização indígena-popular baixe a guarda, ao contrário. Os conflitos não irão parar por agora e podem se intensificar diante da conjuntura ainda conservadora dos países do seu entorno. Por exemplo, o concorrente da extrema-direita Fernando Camacho tende a se cacifar como alternativa de desestabilização e não é descartado movimentos que insuflem o separatismo na região de Santa Cruz de la Sierra, como já ocorreu em outros períodos históricos, como em 2008”

17 de outubro de 2020

 

Pedro Carrano é o responsável pelo Boletim de Notícias da Kotter. Pedro nasceu em São Paulo (SP), em 1980. Jornalista, militante político e pai da Clara. Tem livros de reportagem e poesia. “Meninos sem Matilha” é seu segundo volume de contos.

Imagem, Fonte: Esquerda. net

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