por Pedro Carrano
O episódio recente em que Bolsonaro nega a compra da vacina Sinovac para a produção do imunizante contra Covid-19, mostra que os conflitos entre bolsonarismo e direita tradicional podem se acirrar novamente nos próximos dias, sobretudo na figura do governador de São Paulo, João Dória.
No início da pandemia, os meses de abril e maio foram o auge do conflito entre Bolsonaro e a direita tradicional (governos estaduais, judiciário, congresso nacional e Rede Globo).
O aperto de mãos até agora se deu na concordância com o programa neoliberal e privatizante de Bolsonaro e com a aproximação de governo e centrão. O Congresso também era um dos grandes inimigos em tempos de pandemia. No último mês, porém, tudo parecia tranquilo.
Nesta quarta-feira (21), porém, depois de o Ministério da Saúde já ter tido feito um anúncio de que compraria 46 milhões de doses da vacina chinesa e se reunido com autoridades do governo de São Paulo, local do Instituto Butantan, que faz uma parceria com o laboratório chinês Sinovac para a produção do imunizante, Jair Bolsonaro criticou em público a decisão, atacou a China e cancelou a fala de Pazuello.
Embora a China seja nosso principal parceiro comercial, indispensável em momento de crise, Bolsonaro segue a orientação do governo dos EUA, sinalizando também ao país do norte que não vai aderir à tecnologia 5G chinesa.
Na troca de ataques, Doria resumiu o seguinte sobre Bolsonaro:
“Desautorizou o ministro, humilhou seu ministro desautorizando publicamente. É inacreditável que numa pandemia um presidente coloque esse vértice eleitoral e essa obsessão pela sua reeleição e obsessão em relação a mim”.
Até onde irá essa fissura na classe dominante brasileira? Até onde vai Bolsonaro na postura declarada e servil pró EUA?
Ao menos nas pesquisas na prefeitura nas capitais, a direita tradicional tende a sair na frente da direita bolsonarista.
Pedro Carrano é o responsável pelo Boletim de Notícias da Kotter. Pedro nasceu em São Paulo (SP), em 1980. Jornalista, militante político e pai da Clara. Tem livros de reportagem e poesia. “Meninos sem Matilha” é seu segundo volume de contos.
Imagem, Fonte: ISTOÉ
Respostas de 2
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