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No dia 8 de junho, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados Federais decidiu, por 16 votos a 1, aprovar o parecer de cassação do mandato da deputada Flordelis, acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson, com vários tiros.

Flordelis ainda não foi presa, pois ela é deputada e tem mandato parlamentar. Por isso, de certo modo, ela tem algumas imunidades. Entretanto, a partir do momento que o mandato dela for cassado, ela perde o foro privilegiado e a imunidade parlamentar e passa a ser julgada pelo estado como qualquer outro civil. Com isso, a medida de prisão será praticamente automática: perdeu o cargo de deputada, é expedido mandado de prisão.

O único voto contra a cassação do mandato de Flordelis pertence a Márcio Labre do PSL do Rio de Janeiro, que faz parte da tropa de choque do presidente Bolsonaro. Esse único voto seria peculiar se Labre não fosse apoiador do presidente, mas como é, esse posicionamento é normal. Isso porque os apoiadores e partidos ligados ao Bolsonaro, além do próprio presidente, têm proximidade com o crime e as milícias. Um exemplo disso é o Adriano da Nóbrega, o Fabricio Queiroz e o codinome homem da casa de vidro.

Para consumar a perda do mandato da Flordelis e sua consequente prisão, é necessário, ainda, que esse parecer seja aprovado pela Câmara dos Deputados. Isso porque apenas os outros deputados podem cassar o mandato de um destes.

Por conta disso, possivelmente este parecer favorável à cassação seja votado em até 90 dias, necessitando da maioria simples dos votos, ou seja, 257 deputados precisam votar para concretiza-lo. Para isso, precisamos cobrar nossos deputados para que sejam favoráveis à cassação de Flordelis, que é uma das mandantes, segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público, da morte do ex-marido.

Se considerarmos o número de deputados federais eleitos, 513, a maioria simples não representa uma quantidade elevada desses políticos. Porém, com a necessidade de desmentirmos Bolsonaro todos os dias, algumas informações não ganham destaque e perdemos a chance de pressionar os políticos com a vontade popular. Este é o caso da cassação da Flordelis, que está sendo pautado como algo secundário.

Os pares de Flordelis precisam ter coragem de cassar seu mandato, pois existem robustas informações e materialidade, além de confissões, sobre o envolvimento dela com a morte do marido. Se a cassação não for aprovada, devemos expor, nome por nome, todos os deputados que votaram contra ou se abstiveram e para isso precisamos lembrar que a Deputada Flordelis faz parte do PSD, todavia precisamos pedir votos a favor da cassação por parte destes em especial.

A democracia de nosso país está sendo usurpada de modo tão tosco que uma deputada, com acusação de matar o marido, não é presa apenas por ocupar este cargo. Não estamos falando de imunidade para prisões de parlamentares em manifestações políticas sem infringir a lei, sem atentar contra a democracia e as instituições, estamos falando de imunidade para mandantes de crimes como homicídio. Esse é o superpoder que alguns políticos brasileiros recebem.

Esse tipo de poder que ocorre no Brasil é recorrente, apenas, em outros países de democracia frágil ou sem democracia alguma.

Como há outras pautas a serem votadas, talvez a votação para a cassação do mandato da deputada ocorra, realmente, após 90 dias. Entretanto, não podemos permitir que esta decisão seja postergada até a quarentena eleitoral de abril de 2022, pois isso pode abrir algum tipo de precedente para Flordelis e outros criminosos que se escondem através de mandato parlamentar.

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