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Há sobre a Curitiba de minhas retinas um bigode bailando, vasto, farto, vistoso, flanando sobre a capital, um bigode, sim, não tenho dúvidas. Cambaleia majestoso por sobre a cidade, não é pé de vento e nem véu de garoa, muito menos as franjas verdes da rua dos chorões.

      Flutua por sobre as copas, paira no calçadão da rua XV, acredito que muitos possam enxergá-lo.

      Depois, segue o etílico bigode até a praça Osório, encobre e assiste o bar do Stüart servir mais uma dose de Vodca.

      Pensei, Sal Grosso, neste não estava, Bife Sujo, Pudim, um copo de vinho e um Dry Martini.

      Quando à tardinha encontro, na fachada do prédio da Biblioteca Pública do Paraná, palmeiras altas e verdes galhos alongados, frondes em forma de pena. As folhas bailam em brisa, parecem andar em grupos, ou seriam o mesmo bigode, brincando de ser palmeira no espelho?

      À noite, nevoeiro Polaco. Na manhã, bruma Polonaise. Vasculho e não o encontro.

      Bigodeando pelo petit pavé, seguimos, ele mais acima, andando nas nuvens. Ofereço-lhe um brinde, brindamos a nós, o bigode e eu, engolidos pelo dia. Água Verde, aqui jaz.

      Da Ópera de Arame avisto por sobre a Pedreira, na lua cheia, tão luminosa, um balançar de fios despenteados, parecem ter crescido mais. Imagino ele ornamentando o rosto, descendo rente a bochecha, ao lado da boca, até o queixo, pelos fartos e volumosos, dignos de um verdadeiro bigote, wąsy, mustache, bigodão, el bigodon.

      Sobre a Curitiba em que caminho, avisto um bigode, que baila tonto, por sobre a cidade e sabe latim.

      A vida é crônica, aguda e a dor elegante.

 

Fabio Santiago

Autor do livro Versos Magros

 

2 respostas

  1. Prezado poeta w escritor, que preciosidade de texto. Como desejei te fazer companhia nesses “bigodear”, nessa Curitiba tão linda que só um olhar aguçado e atento de poeta e escritor do teu porte consegue ver e descrever. Parabéns!

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