Labirinto Xadrez (Fabio Santiago)
Nestas crônicas da vida vazia o copo segue cheio, daqui do décimo primeiro andar do precipício. Da encosta, encontro nuvens gordas e destemidos vultos que me escapam sem que eu possa riscar direito as suas faces no papel. Flamejam, entrecortados por calçadas e estantes. Restam-me esboços, ruínas que farejo, fragmentos de vidas, miudezas, anotações. Pedaços […]
O Vizinho Cantor – crônica de Fábio Santiago
A janela dá a face para a lateral da casa, onde o muro divide espaço com árvores esvoaçantes, a sutil movimentação parece acordar o dia. – João! Ainda na cama, pareço ouvir uma voz, reconheço ser de minha esposa Angela. Há um canto que surge como um véu encobrindo a sonolência. A música se esvai, […]
BIGODEANDO – crônica de Fábio Santiago
Há sobre a Curitiba de minhas retinas um bigode bailando, vasto, farto, vistoso, flanando sobre a capital, um bigode, sim, não tenho dúvidas. Cambaleia majestoso por sobre a cidade, não é pé de vento e nem véu de garoa, muito menos as franjas verdes da rua dos chorões. Flutua por sobre as […]
O Menino No Gol, Tem Asas – Crônica de Fabio Santiago
A bola que rola não cola nos meus pés, passa adiante, atravessa o gramado e deita no peito do pé, do lateral esquerdo que não pisa, nem maltrata, apenas lança com efeito, encontra a cabeça do atacante que não consegue vencer o goleiro, uma muralha! Fazia tempo que não pisava em um estádio, hoje, estivemos […]
Domingo Ruidoso do Xamã – Fabio Santiago
Na feirinha do largo, subindo os degraus que levam as ruinas, no domingo ruidoso ensolarado, o sorriso da pequena e graciosa criança permaneceu, avistei na outra borda da escadaria, a mãe, olhava para a aldeia do infinito. A maraca xamânica podia ser ouvida. Seguimos com passos curtos até o topo. Outros rostos fugazes riscaram as […]
Guardador de Datas – Crônica de Fabio Santiago
Quem gosta de guardar datas, carrega consigo o seu inventário de números, não se engane, estes números bailam e acendem as remembranças, são pontes numéricas para um passado presente, o futuro, só aos números pertencem. Conheço guardadores de palavras aos montes, pessoas que preservam o tempo por acontecimentos, sabores, perfumes, suores, sentimentalidades… Tenho um amigo […]