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(por Fábio Santiago¹)

 

O brasileiro comprou o combo da maldade e a indigestão parece que só agora começa a bater forte para umas certas pessoas do bem. Quem não era dessa cepa, já passava mal desde 2018, melhor dizendo, no golpe de 2016, quando o lanche indigesto já vinha sendo preparado. O inacreditável é que a oferta nem trazia letras miúdas, os ingredientes estavam todos ali, bastava um pouco de olhos atentos e fortes. 

“…Ah, se já perdemos a noção das horas…” canta Chico na vitrola. 

Leve um hambúrguer fascista e ganhe a turma toda, com direito a picles de velhos militares de 64, alface da bancada ruralista com creme de religiosos que vendem lugar no céu com o dinheiro do dízimo e ainda de sobra lava jatistas em conluio num pão com gergelim. Não podemos esquecer do mega quarteirão de empresários, o molho especial de negacionistas e a grande imprensa, sem auto crítica enfeitando o lanche…Ah, tem mais segredos nesta receita! Uns bem ao centro, outros mais para a direita e outros na extrema, essa negando a redonda que gira, sem parar e coloca no limbo heróis e mitos dessa oferta de lanche infeliz. 

“…Eu só quero andar em todas as cidades, eu só quero andar sem ser incomodado…”, canta o Chico no cd. 

Enquanto o lanche já causa náuseas e fortes dores de barriga, o mundo, que estava passando mal por outros combos da maldade, foi pego de surpresa por uma pandemia letal. Os nossos tristes trópicos que sofriam com o combo 17, foi assolado pelo 19 e aí o que era indigestão da braba, virou terror e colapso. 

“Poema de Classes você vale-menos companheiro! MAIS-VALIA se você gritasse o ano inteiro…”, berram os versos do Xico no papel. 

Nessa crônica indigesta a hora é de expelir, de ejetar os dejetos e digitar o ponto final.  

Antes de partir, faço o meu pedido, carne de sol e queijo coalho, meu combo de sempre. 

“… O Sol há de brilhar mais uma vez, A luz há de chegar aos corações, do mal será queimada a semente, O amor será eterno novamente…”, canta Nelson Cavaquinho no rádio. 

 

 

¹ Fábio André Santiago Costa, nascido em Maceió, reside em Curitiba. Formado em Comunicação Social. Em 1997 foi indicado pelo escritor Valêncio Xavier para concorrer a uma Bolsa Vitae para jovens estudantes. Criador do blog “Acre Infuso” em 2004 e agora ativo novamente como coluna mensal no site da Kotter. Recebeu uma menção Honrosa do “Quepe do Comodoro”, Premiação do Saudoso diretor de Cinema Carlos Recheinbach. Em 2018 teve um poema, “Flores e Sombras na Dobra do Tempo”, publicado em uma Antologia Poética da editora Chiado. Em 2019 publicou o e-book (Amazon) Mar de Sombras. Em 2020 publicou o livro Intramuros, pela editora Penalux. Em 2021 lançará seu novo livro “Versos Magros” pela Kotter Ediorial.

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