1871: Mallarmé chega a Paris novamente, depois de anos trabalhando e penando no interior da França. Nesse momento, aos 29 anos, tinha uma filha de quase 7 anos, Geneviève, e um filho recém-nascido, Anatole. Novos ares, uma nova vida, novas amizades: é a partir dessa volta a Paris que sua carreira de fato vai acontecer e que seu nome começa a ser reconhecido. No meio de uma obra ascendente, de um novo pensamento literário que se consolida, de uma maior maturidade pessoal e poética, está a família. Resguardadas as características internas das famílias burguesas francesas no século XIX, Mallarmé se interessa por seus filhos, escolhe presentes no Natal, mesmo falando quase nada deles aos amigos. A primeira vez que sabemos que Anatole está doente é em abril de 1879: um reumatismo agudo, dolorosíssimo, que certamente o acometeu desde muito cedo. Poucos meses depois, em outubro, Mallarmé escreve em uma carta: “nossa querida criança nos deixou, docemente, sem saber”…
A pior das inversões da lógica da vida, a morte de um filho, gerou o nunca acabado, lindo e doloroso, Para um túmulo de Anatole.
Sandra M. Stroparo
Guilherme Gontijo Flores
Nasceu em Brasília em 1984, é poeta, tradutor e leciona latim na UFPR. Estreou com os poemas de brasa enganosa em 2013, finalista do Portugal Telecom. Em 2014 lançou o poema-site Tróiades – remix para o próximo milênio, publicado como uma caixa no ano seguinte. Em seguida vieram l’azur Brasé, ou ensaio de fracasso sobre o humor (2016) e Naharia (2017). Esses quatro primeiros livros formam a tetralogia poética Todos os nomes que talvez tivéssemos, agora publicada em um só volume.
O poeta também é autor de carvão : : capim (2017, em Portugal, 2018 no Brasil) e do poema labirinto avessa: áporo-antígona (disponível em https://escamandro.wordpress.com/2020/07/10/avessa-aporo-antigona-de-guilherme-gontijo-flores), além do romance História de Joia (2019).
Como tradutor, publicou A anatomia da melancolia, de Robert Burton (2011-2013, 4 vols.), Elegias de Sexto Propércio (2014), Safo: fragmentos completos (2017) e Epigramas de Calímaco (2019), dentre outros. Coescreveu o livro ensaístico Algo infiel: corpo performance tradução, junto com Rodrigo Gonçalves e fotos de Rafael Dabul, e é autor do ensaio A mulher ventriloquada: o limite da linguagem em Arquíloco (disponível em: http://www.zazie.com.br/pequena-biblioteca-de-ensaios).
É coeditor da revista e blog escamandro (https://escamandro.wordpress.com) e membro do grupo de performance e tradução Peroca Loca.
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