Poemas Baseados – Ricardo Pedrosa Alves

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Poemas Baseados, de Ricardo Pedrosa Alves

“Leio nos Poemas baseados este verso, que me dá prazer: ‘a imagem é como a máscara é, e pessoa é como fausto é, e é como lúcifer sua imagem’. O texto é um objeto fetiche e esse fetiche me deseja. O texto me escolheu, através de toda uma disposição de telas invisíveis, de chicanas seletivas: o vocabulário, as referências, a legibilidade etc.; e, perdido no meio do texto (não atrás dele ao modo de um deus de maquinaria) há sempre o outro, o autor. Como instituição, o autor está morto: sua pessoa civil, passional, biográfica, desapareceu; mas no texto, de uma certa maneira, eu desejo o autor: tenho necessidade de sua figura (que não é nem sua representação nem sua projeção), tal como ele tem necessidade da minha. O que é a significância? É o sentido na medida em que é produzido sensualmente. Ricardo Pedrosa Alves escreve: ‘fausto fustiga o muito revolvido, religa os acidentes numa carne inconsútil e dura/quer o lembrar do leitor, numa briga, quando o fato e o boato combinam missa’. É chamado poeta, não aquele que exprime seu pensamento, sua paixão ou sua imaginação por meio de versos, mas aquele que pensa versos: um Pensa-Verso.”

(Texto baseado em trechos de Roland Barthes em O prazer do texto – tradução de J. Guinsburg)

Inverno de 2018

ISBN: 978-85-68462-67-6

96 pág.

 

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As fissuras e “as taras do autor notório larápio de filetes […] de linguagem”, reunidas em Poemas baseados, formam uma figura singular de antiestocástica, apropriada aos interesses do poema-sobre-o-poema ideado por Ricardo Pedrosa Alves. Curvado sobre um conjunto restrito de criações e textos alheios, o poeta, cujo escrever se constitui a contrapelo de imaginar, se aventura a interpretá-los a partir de uma acepção musical, ou seja, aqueles poemas servem de partituras cujos signos verbais e não-verbais passam a ser redefinidos plasticamente pelo poeta expropriador.

O objetivo não é o de uma simples decifração ou otimização desanuviadora dos significados relativos aos poemas de partida. O objetivo é forjar um poema-rival, exsurgido através das entranhas e das frinchas de cada poema que lhe serviu de base, de plataforma de lançamento. Por isso trata-se de uma antiestocástica, porque não estamos nas redondezas da paráfrase ou, por analogia, da tradução infensa à traição. Porque Ricardo Pedrosa Alves não tem nenhuma comiseração com a angústia pelo sentido, que afeta tanto o leitor daqueles poemas que provocaram a ideação crítico-criativa do poeta, quanto o leitor que agora precisa se haver com as peças perturbadoras, elas mesmas, de Poemas baseados […]

Ronald Augusto

Ricardo Pedrosa Alves

 

Ricardo Pedrosa Alves (1970), é autor dos livros Desencantos Mínimos (Iluminuras, 1996) e de Barato (Medusa, 2011). É doutor em Letras e professor universitário.