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por Daniel Osiecki

Nesta manhã (21/03/19) as notificações dos diversos grupos de whats app não paravam de tremer em meu celular: sabia que o Temer foi preso? O vampiro foi pra cadeia. Não vai poder tomar banho de sol. A Marcelinha reativou seu perfil no Tinder e tantas outras piadas prontas me fizeram rir (assim como a outros tantos trabalhadores Brasil afora), mas acho que foi um riso temerário (sem trocadilhos infames!).

Temer e Moreira Franco foram presos pela Lava Jato do RJ, com mandados expedidos por Marcelo Bretas. Até onde se sabe, as investigações estão relacionadas às obras da usina nuclear de Angra 3. A filha de Michel Temer, Maristela Temer, teria sido, segundo denúncias, uma laranja para disfarçar propinas e outras regalias. Propinas que, segundo Bretas, somam cerca de R$1,8 bilhão. Nada mau. No documento que autoriza a prisão do ex-golpis … quer dizer, do ex-presiden… quer dizer, do Temer, aponta que ele próprio seria o líder de uma organização criminosa.

Ok, esse foi um resumo superficial dos fatos ocorridos nessa manhã em São Paulo. Mas agora vejo-me na obrigação de emitir um mínimo que seja de opinião: sinto falta daquela época (abril, maio de 2016) quando bradávamos: “não vai ter golpe! Não vai ter golpe!”. Tínhamos esperança. Veio o golpe. Vieram reformas, vieram desserviços à população e tantas outras mazelas. Mas ainda parecia que havia esperança. Temer e seu governo capenga tapa buraco se arrastaram ainda por dois anos e meio antes de morrer, junto com o tucanato paulistano, agonizante em uma UTI.  

Quem sepultou de vez o vampiro com uma estaca eu seu peito foi um capitão do mato, um barnabé ignorante, grosso, com seu vocabulário limitado e agressivo de um hater do ensino fundamental. Se havia esperança na era Temer (por menor que fosse), na era do recruta Zero da caserna não há. Pelo menos a curto prazo.

Provavelmente o leitor esteja questionando este reles cronista sobre a relação dos dois presidentes. Explico: estava péssimo antes, mas agora está muito pior e, a esperança que havia em 2016 de resistirmos ao golpe, foi por água abaixo. Foi por água abaixo junto com o resto de bom senso que havia, com o resto de argumentos que havia ao eleger uma besta. Não encontro outros adjetivos para descrever este ser tão pequeno e medíocre. Não há, caros leitores e caras leitoras, motivos  para comemorar. Não estamos em época de comemorações levando em consideração a súcia de psicopatas lisérgicos que assumiu o comando deste circo em que vivemos. Ou melhor, deste hospício.

O fato é que sinto falta de Temer como presidente (nunca pensei que fosse escrever algo assim!). Lembremos da obra-prima de Belchior, Como nossos pais, imortalizada na voz poderosa de Elis:

“…Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram 
E o sinal está fechado pra nós
Que somos jovens…”

sinto falta do Temer como presidente.

Sinto falta

*Daniel Osiecki nasceu em Curitiba, em 1983. É professor de literatura, crítico literário e editor regional da Revista Flaubert. Publicou o livro de contos “Abismo” (2009). “Sob o signo da noite” (contos) é seu segundo livro. Mantém o blog “Távola Redonda” (www.novatavolaredonda.blogspot.com), organizador do coletivo “Vespeiro”.

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